Preliminarmente, vale lembrar que o presente teste não é elaborado por um piloto de testes, mas por um simples usuário, um motociclista que tem como profissão a advocacia e não o motociclismo.
Adquiri minha Twister preta 2006 em 11 de agosto de 2006 e, desde então, foram 33.000 quilômetros de pura alegria, mesmo com o acidente sofrido na SP-066, entre Arujá e Suzano, quando na ocasião atropelei um cachorro.
A CBX 250cc é uma moto honesta para sua proposta, ao contrário da utilização que muitos tendem a dar, não é uma moto para se fazer motovelocidade.
Na cidade é esperta e ao contrário do que muitos falam não é “chocha”, basta para tanto que o piloto a mantenha a 5.500 rpm, no mínimo, que ela não decepciona. Aliás, nos trajetos urbanos, mantendo-a numa rotação entre 5.500 a 6.500 rpm, é mais do que suficiente pra mantê-la acordada, muito bem acordada.
Todavia, se levarmos em consideração que seu torque máximo de 2,48 Kgfm está totalmente disponível a 6.000 rpm e sua potência máxima de 24 cv a 8.000 rpm, ela estará trabalhando numa faixa onde responderá prontamente.
A ciclística e suspensões fazem um trabalho correto, dá para fazer algumas curvas, digamos, um pouco ousadas. Se o amigo leitor ultrapassar o bom senso da ousadia, ela lhe informará com um belo balanço, mas nada assustador. Quando digo que ela é honesta em sua proposta, não é por acaso; apesar do seu caráter urbano, o piloto não passa apertos em rodovias.
A viagem mais longa que já fiz com ela foi de 450 km de distância da capital paulista, com uma única parada para descanso e abastecimento. Falando em abastecimento, no quesito consumo, tudo depende da mão direita. O meu pior consumo foi 18 Km/l e o meu melhor foi 30,74 Km/l.
Cabe salientar que o pior consumo foi com garupa, indo para Porto Feliz (SP). O melhor foi sozinho, num bate e volta de São Bernardo do Campo a Santos.
Na média, seu consumo fica entre 25/26 Km/l, ou 330Km pra 13 litros de gasolina no momento do abastecimento. Lembrando que já houve momentos em que couberam apenas 11 ou 12 litros.
Essa é sua média urbana, com 70% de percurso em ruas e 30% de percurso em rodovias. Na estrada, mantendo os 8.000 rpm numa velocidade de cruzeiro de 120Km/h, o consumo fica entre 20/22 km/l, só com piloto e bagagens leves. O piloto sozinho ou com garupa e bagagens não sofre apuros e a ergonomia da moto lhe ajuda a cansar pouco.
A tão esperada injeção eletrônica de combustível, certamente, melhorará esse rendimento, mas não esperem milagres, pois quem deseja mais economia vá para Yamaha Fazer, que teve como projeto uma máquina puramente urbana, na qual a economia do combustível foi prioridade, diga-se pelo projeto de comando simples de válvulas e duas válvulas no único cilindro, enquanto a Honda apostou num duplo comando de válvulas com quatro válvulas no cilindro.
Motivo pelo qual se a Twister é bem equilibrada por encarar bem trechos urbanos e rodoviários, a Fazer dá um verdadeiro banho no trecho urbano e fica devendo no trecho rodoviário, com suas cinco marchas, além de possuir um acelerador extremamente macio (por conta da I.E.), menos cansativo do que da Twister.
O ponto negativo da Twister está nos seus retrovisores, que são de difícil foco. Mas nunca troquei uma peça sequer, ela está toda original. O painel eu acho um show, tanto durante o dia como durante a noite. É de fácil leitura e fornece tudo que é necessário ao piloto. Nunca tive problemas com embaçamento ou algo do gênero.
Outro detalhe reprovado é sua vibração, especialmente no uso urbano. Mantendo-a em terceira ou quarta marcha entre 5.000 e 6.000 rpm, vibra bem, mas é o mal do monocilíndrico.
Quanto à manutenção, fiz todas as revisões na concessionária e até hoje gastei a importância de R$ 1.622,09, ou, um gasto médio por revisão de R$ 135,25. Caro? Talvez, isso é pessoal. Como motociclista, prezo pela manutenção preventiva, pois tenho plena convicção de que a manutenção preventiva é, infinitamente, mais barata do que a corretiva, tanto no aspecto do bolso, quanto no aspecto emocional.
Além das trocas de filtro de ar, elemento do filtro de óleo, óleo de bengala, na minha motoca já foram trocados o pneu traseiro na minha concessionária de confiança. Aliás, foi na revisão dos 21.000 km, quando já marcava 22. 000 Km, que troquei, de uma vez só, pneu traseiro, filtro de ar, filtro e óleo, óleo das bengalas e pastilhas de freio.
Como dica ou sugestão, o elemento do filtro do óleo deve ser trocado a cada 6.000 Km. No entanto, se o usurário for de uma tocada bem tranqüila e andar mais na estrada, poderá fazê-la a cada 9.000 Km. Já a troca do filtro de ar, a cada 9.000 Km, podendo chegar a 12.000 Km, mas use o bom senso. No meu caso, nunca passou dos 9.000 Km, ou seja, troca a cada três revisões.
Quanto ao amaciamento, fiz como determina o manual do usuário. Até os 1.000 km, não ultrapassei os 5.000 rpm e entre 1.000 e 1.600 Km os 7.000 rpm.
Por minha conta e risco, fiz trocas de óleo a cada 1.000 km até os 6.000 km, mas a embreagem sofreu um pouco, pois o seu funcionamento melhora com o óleo chegando nos 3.000 km de uso.
Para a relação, passo óleo lubrificante toda semana. Vou à concessionária para tomar um café e bater um papo enquanto lubrificam minha corrente e, se necessário, regulam todo conjunto de relação. Isso é grátis para clientes assíduos.
Já respondendo as futuras perguntas, sem fazer qualquer apologia a velocidade, mesmo porque, sou veemente contra excesso de velocidade em rodovias e nem todo mundo tem habilidade para tal, o máximo que a Twister alcançou, já muito bem amaciada no auge dos seus 18.000 km, foi 160 km/h (no velocímetro) a 11.000 rpm.
A velocidade real, porém, marcada por GPS, foi de exatos 149 km/h, num dia de calor, sem vento, totalmente no plano. No dia seguinte, troquei o óleo. Portanto, sinceramente, ela chegou onde pôde, não foi pensada e produzida para isso.
Pretendo em breve, trocar por outra moto de maior cilindrada, na casa das 600cc. Dependendo da minha escolha, se for superior a 750cc, muito provavelmente manterei minha Twister CBX 250cc para o dia-a-dia.
Por fim, outra dica: leia o manual. Não banque o “sabichão”, seja humilde, aprenda com o pessoal da concessionária que faz isso todos os dias. Descobri que eles seguem um “script” de manutenção, mas são flexíveis, desde que o cliente saiba o que deseja e não seja prejudicial para a máquina.
Não chore por gastar R$ 135 de revisão. É muito melhor do que ficar pela rua ou pela estrada.
O “motonauta” André Pinto Garcia participou do Moto Repórter, canal de jornalismo participativo do MOTO.com.br. Para mandar sua notícia, clique aqui.