Parceria entre empresas brasileiras e fabricantes de motocicletas chinesas modifica mercado de duas rodas com chegada de novas fábricas e importadores, em breve
Produtos chineses são anunciados por todos os lados. Na indústria de duas rodas não é diferente. Cerca de 10 grupos nacionais se associam às fabricantes chinesas e preparam para o último trimestre deste ano e início de 2008 uma invasão de motocicletas de baixa cilindrada e scooters no mercado nacional (ler quadro). A maior representante dessa onda amarela tem o respaldo do grupo Itavema, que pelo seu braço, a Dafra, negocia com três grandes fabricantes chineses. De acordo com o diretor comercial, Haroldo Barroso, serão produzidas motocicletas entre 100 cm³ e 250 cm³ de cilindrada. Barroso não revela o investimento, mas estima-se algo acima de US$ 10 milhões.
O mistério se deve à imensa concorrência sedenta em um mercado vigoroso. De acordo com a Associação Brasileira dos Fabricantes de Motocicletas e Motonetas (Abraciclo), a produção saltou nos últimos 10 anos de 426.547 unidades, em 1996, para 1,413 milhão de unidades, no ano passado, o que representa um aumento de 3,3 vezes. A frota nacional é de 7,5 milhões de unidades de motocicletas e espera-se para este ano crescimento de 13% em relação ao ano passado.
O grupo Itavema é uma das maiores redes de concessionárias multimarcas do país, com lojas em todo o território nacional, incluindo duas revendas da Yamaha. Barroso não revela qual o grupo chinês que a fábrica - em construção em Manaus - usará tecnologia. Porém, um dos mais cotados é o grupo Lifan, o mesmo que quando chegou à Indonésia e à Argentina deu trabalho aos japoneses da Honda e da Yamaha. A construção da fábrica começou em fevereiro e será concluída em agosto. "Estamos preocupados em ter uma estrutura enxuta, um custo de produção pequeno, mas com qualidade", afirma Barroso.
Outro grupo empresarial que vê o pote de ouro no oriente das motos chinesas é o Rodobens - entre os 100 maiores do país - que neste mês iniciou a importação de motos chinesas Shituma. A comercialização será feita pela Green Motos, concessionária de motocicletas do grupo Rodobens. O diretor-geral da Green Motos, Mário Zidan, explica que o objetivo é importar 20 mil unidades no período de três anos. Zidan lembra que o grupo escolheu aquele que pudesse atender as condições do mercado brasileiro. "As motos chegam prontas, mas estão com a marca Green e com exigências pedidas para o perfil nacional", afirma Zidan.
O diretor-geral da Green explica que a intenção, por enquanto, não é construir uma fábrica no Brasil. "Ainda é cedo e essa é tendência de mercado, pois a grande montadora primeiro traz o importado e depois analisa a possibilidade de montar fábrica", avalia. Em julho, será inaugurada a concessionária Green Motos em Belo Horizonte, que venderá quatro modelos chineses: Green Easy de 100 cm³ (R$ 3,9 mil), Green Runner de 125 cm³ (R$ 3,9 mil), Green Sport de 150 cm³ (R$ 4,5 mil) e Green Safari de 150 cm³ (R$ 5,6 mil).
FEBRE AMARELA
A Kasinski fez acordo com a Lifan, maior produtor de motores da China.
A Traxx, antiga Jialing, monta rede no Nordeste e constrói fábrica em Manaus, com 50 mil metros quadrados e investimento de US$ 5 milhões.
A Fei Ying Motor (FYM) opera pequena rede em São Paulo e investe US$ 3 milhões.
A Jiangsu Creative Motorcycle produz scooters elétricos com a marca Motor-Z, do grupo Zeppini, que pretende investir US$ 2 milhões.
A MVK (Maverick na Argentina) tem pequena rede no Brasil.
A Garini, que apesar do nomeitaliano utiliza tecnologia chinesa, comercializa sete modelos de motos e scooters, e foi vendida para o grupo de transportes Itapemirim, que quer ampliar participação.
A Sundown utiliza tecnologia da chinesa Qingqi e é a brasileira que mais cresce, com 4,9% do mercado.
Miza tem cinco revendas no Brasil e comercializa clones da Honda ML dos anos 80.
O Amazonas voltou ao mercado com motos de pequeno porte da Loncin da China.
A Dayang estuda implantação de rede em Florianópolis.
A Vento tem origem americana, mas produz suas motos na China e importa para o Brasil.
Fonte: Vrum-Correio Brasiliense