Por Terezinha*
Podem crer! As mulheres de motociclistas têm mais coisas em comum
do que imagina nossa vã Filosofia...
Antes de tudo quero esclarecer: Não sou motociclista. E não adianta insistir!
Para
o bem geral da nação é melhor que eu fique assim. Sempre tive muito
problema pra fazer curva, com bicicleta! Ainda para piorar tenho 1,60
m, fico na ponta do pé para equilibrar qualquer moto. Talvez um dia
tente uma Biz... (Mas o que faço com as curvas?)
Sou garupa. Mas
não uma garupa qualquer, porque o meu marido que entende TUDO de moto
já me adiantou: uma garupa pode derrubar um motorista! Aí me sinto a
tal! Jogo o corpo para lá, jogo o corpo para cá, e me acho a ultima
bolacha do pacote!
Mas que delícia é andar de moto, não é
mesmo? A primeira vez que andei com meu marido eu nunca vou esquecer...
Era uma moto emprestada e a gente foi passear em Mairiporã, por uma
estradinha secundária, no meio das árvores. Aquilo foi paixão a
primeira pista. Foi simplesmente maravilhoso! Descobri que as estradas
tinham cheiro, temperatura... Quando se está num carro a gente não
sente isso... Ai, que gostoso!
Passava na sombra de uma árvore:
frio! Saía da sombra: quente! Cheiro de flor, de eucalipto... Uma
vontade de levantar os braços, de agradecer a Deus o presente de viver,
de sentir o calor do sol, o vento, as árvores e tanta coisa que só quem
está de moto pode captar...
Recentemente, num passeio do nosso
moto clube estava um sol bonito e aí começou a chover, e forte! Até a
chuva parece mais doce! O corpo assusta no início, mas depois agradece,
comemora. Um companheiro na nossa frente começou a rebolar todo feliz
de nos arrancar gargalhadas... Estávamos compartilhando o êxtase.
Mas
não só de boas sensações vive a mulher de um motociclista... Por
exemplo: às vezes percebo algumas mulheres preocupadas com as outras
que rodeiam o seu amado, com grande medo de serem traídas... Mas o que
muitas não percebem é que a principal rival está muitas vezes ali, bem
diante dos seus olhos: a moto! Eu não tenho dúvidas! Pense um
pouquinho... Eles passam mais tempo com as motos do que com as esposas,
companheiras, noivas ou namoradas!
Veja se reconhece esta
cena: começa o dia (sábado ou domingo, ou os dois, para nosso
desespero), depois que toma o café (e em não tendo corrida de moto na
televisão), esse é o destino do nosso Professor Pardal: Pega a moto,
desmonta, monta, desmonta de novo, monta outra vez... Aí sobra um
parafuso, ele que já estava transpirando em bicas, começa a olhar para
o pequeno objeto com aquela expressão de meu Deus, de onde é essa
coisa? Você observa tudo ao longe, mas já pensando em ligar para 190,
pois tem a impressão que ele será acometido de um enfarto... E aí,
quando você pensa que ele vai finalmente desistir, ele começa tudo de
novo... Quando acaba a sessão quebra-cabeça dele (e sessão haja
paciência nossa), lava, encera, põe um assessório diferente...
A
gasolina? Tem que ser a super-mega-ultra-power daquele posto X Y Z! Já
a gente tem que agradecer a Deus se num dia desses de calor de rachar,
eles se lembrarem de nos trazer um copo de água! O motociclista faz de
sua moto um verdadeiro ser humano: é a filhinha, a garotinha... É
difícil vê-los invocados com a moto... E se por algum motivo elétrico
ou mecânico ela os deixa na mão, eles ficam se sentindo traídos, ficam
irados, mas logo se arrependem por terem se alterado com a Deusa... Já
com a gente...
Os mais obcecados estendem a paixão também para
seus assessórios. Uma vez derrubei o capacete do meu maridinho lindo...
Ai, mas ele ficou tão bravo, mas tão bravo... Aprendi palavrão que não
conhecia nesse dia! O mais básico que eu ouvi é que eu tinha que
comprar capacete de R$1,99 para usar, já que eu não tinha cuidado e
blá, blá, blá... O resto não dá para falar, o pessoal Motonline teria
que censurar...
Sabe, moro no segundo andar, mas eu tenho certeza
que já passou pela cabeça dele de colocar a moto no nosso quarto, só
para ele ficar olhando para ela. Se eu não ficar atenta, qualquer dia
destes vou ter que dormir na sala...
Ameaçar: ou eu ou ela! Só
se você estiver preparadíssima para a resposta! E não vá chorar depois,
dizendo que se arrependeu, você perderá a credibilidade. Quer um
conselho? Não pode com ela? Una-se a ela! Elogie, fale que ela está
linda, que ela faz um barulho gostoso, que o assessório que ele colocou
ficou demais! Aí ele começa a te enxergar, e ficará também apaixonado
por você. E lembre-se: não se zangue com o objeto de desejo dele.
Afinal, o que importa é que quando vocês saem juntos é você quem o
abraça, e em cima dela!
* Terezinha é Psicóloga, com
curso de especialização em Administração Hospitalar. Responde pela
Diretoria Administrativa de Hospital/Maternidade Público. Casada com um
motociclista fanático.
(Fonte: Motonline.com.br )